Resumen
La comunicación en un sentido amplio fue resignificada por lo digital y por sus dispositivos (smartphones, e-readers, aplicaciones, redes sociales, etc.). Esta resignificación se vincula al lenguaje, la escritura, la lectura y al texto. ¿Cómo leemos y escribimos con esos dispositivos? ¿Con qué textualidades nos encontramos, hoy, en nuestra sociedad y qué efectos producen en nuestra relación con los sentidos? Para reflexionar sobre estos cambios, este artículo propone trabajar la noción de “textualidades seriadas”, sustentada en el análisis discursivo del proceso de textualización de los memes, inscritos en una “cultura de las series”. El objetivo del artículo es comprender cómo las “textualidades seriadas” producen, por medio de la reformulación, el efecto de la repetición y de la regularización del sentido.
palabras clave: materialidad digital; interdiscursividad; textualidades seriadas; meme; cultura serial.
Abstract
Communication in its broad sense has been re-signified by everything that is digital (smathphones, e-readers, applications, social networks, etc). This re-signification concerns language, writing, reading and text. How do we read and write with these devices? What textualities do we face today in our society and what effects do they produce on our relationship with the senses? To reflect on these changes, this article proposes to work on the notion of “serial textualities”, based on the discursive analysis of the process of textualization of memes, enrolled in a “series culture”. The purpose of the article is to understand how “serial textualities” produce, by means of reformulation, the effect of repetition and regularization of meaning.
keywords: digital materiality; interdiscursivity; serial textualities; memes; serial culture.
1. Introdução
O digital ressignificou o sentido em sua materialidade, naquilo que concerne às relações históricas, sociais e ideológicas dos processos de significação. Esses processos passam por instâncias da vida prática e dos modos de produção da existência dos sujeitos: trabalho, cidade, relacionamentos, língua, escrita, leitura, ciência, sociabilidade, movimentos da sociedade etc.
No que diz respeito ao trabalho, temos a proliferação de relações trabalhistas e de empregabilidade que não passam por um contrato formal com um empregador, mas se efetivam por meio de plataformas: são os serviços de plataforma como ubers, youtubers, entre outros. Esses serviços têm efeitos diretos na economia de um país e também têm um impacto na organização das cidades, sobretudo no tocante à questão da mobilidade, na medida em que oferecem serviços que funcionam por meio de plataformas digitais, aplicativos de navegação e outros. Como um efeito cascata, esse modo de produção da vida significada pelas tecnologias digitais, afeta também as formas de sociabilidade, as formas de relacionamento - também muito determinadas pelo uso de aplicações e redes sociais -, as formas de consumo, o modo de produzir informação, arte e conhecimento ligados a uma forma de entretenimento. Esclareço que não estou aqui “reduzindo” a informação, a arte e o conhecimento ao mero entretenimento, mas entendo que o entretenimento passou a ser uma das formas de textualização da arte, do conhecimento e da própria informação. Dois exemplos são paradigmáticos desse modo de produção da informação, arte e conhecimento pelo entretenimento: os memes e as webséries. É sobre eles que vou me deter nesse artigo, para mostrar, pensando a língua, a escrita e a leitura, o funcionamento discursivo daquilo que tenho chamado “textualidades seriadas”. Esclareço, contudo, que trabalharei de maneira mais sistemática com os memes. Já as webséries serão trabalhadas mais a título de exemplificação da cultura das séries, de modo sucinto.
Para o trabalho com os memes, irei recorrer ao #MUSEUdeMEMES1, a fim de constituir um conjunto de exemplos a serem examinados.
O #MUSEUdeMEMES é um webmuseu cujo acervo é composto com memes brasileiros. O museu é um projeto da Universidade Federal Fluminense (UFF) e tem como um dos seus objetivos “a constituição de um acervo de referência para pesquisadores interessados na investigação sobre o universo dos memes, do humor e das práticas de construção de identidades e representações em comunidades virtuais”.
O #MUSEUdeMEMES é um exemplo de artefato de linguagem que se constitui pela institucionalização da memória. Trata-se de um funcionamento da memória, chamado, por Orlandi (2006b), de memória de arquivo, aquela que não esquece, pois arquiva o sentido sob a forma da instituição.
O critério de seleção dos memes a serem trabalhados é o da popularidade da circulação, sobretudo no Facebook, mas, também, o de que cada um deles traz em sua formulação, por um lado, um elemento que se repete formando série e, por outro lado, um elemento que muda, varia, sustentando a possibilidade de expansão da série, a abertura do simbólico. Também o fato de cada um dos memes selecionados trazer distintos elementos desencadeadores da série, como um “personagem de telenovela” (Félix – novela ‘Amor à Vida’), um “acontecimento” (a restauração do afresco do século XIX ‘Ecce Homo’), um “brinquedo” (Barbie e Ken), um “Exame Nacional” (ENEM). Esse conjunto de memes selecionados permite, portanto, demonstrar o modo de funcionamento das textualidades seriadas, a partir de exemplos heterogêneos.
2. As webséries: forma material e deriva do sentido
Com as tecnologias streaming, a produção de um outro formato para as narrativas seriadas de tevê ganhou força no cenário mundial. A arte televisual seriada, que existe desde os anos 60, é ressignificada pelos serviços de plataformas. As webséries são histórias contadas em episódios que pertencem à mesma série. São transmitidas online ou via plataformas de streaming, como a Netflix, por exemplo. Essas webséries são oriundas da convergência entre a televisão e a internet e, por isso, a reflexão sobre elas não pode estar separada de uma compreensão sobre a discursividade digital e sobre uma linguagem própria criada a partir dessa discursividade. Daí a chamada cultura das séries.
Para Silva (2014), a “cultura das séries é resultado dessas novas dinâmicas espectatoriais em torno das séries de televisão, destacadamente, as de matriz norte-americana.” (Silva 2014:243). Para o autor, há três condições centrais que promovem esse panorama em que as séries ocupam um lugar destacado:
a primeira condição é a que chamamos de forma, e está ligada tanto ao desenvolvimento de novos modelos narrativos, quanto à permanência e à reconfiguração de modelos clássicos, ligados a gêneros estabelecidos como a sitcom, o melodrama e o policial. A segunda condição está relacionada ao contexto tecnológico em torno do digital e da internet, que impulsionou a circulação das séries em nível global, para além do modelo tradicional de circulação televisiva. A terceira condição se refere ao consumo desses programas, seja na dimensão espectatorial do público, através de comunidades de fãs e de estratégias de engajamento, seja na criação de espaços noticiosos e críticos, vinculados ou não a veículos oficiais de comunicação como grandes jornais e revistas, focados nas séries de televisão. (Silva 2014:243)
Forma, contexto e consumo constituem, pois, segundo Silva (2014), as condições de produção da cultura das séries. Gostaria de tomar esses três elementos da perspectiva teórica da Análise de Discurso francesa, teoria de base desse artigo, para a qual eles constituem aquilo que, nesse campo teórico, Orlandi (1998) denominou “forma material”. A partir da compreensão de língua como processo, e não como um estado de coisas acabadas, a noção de forma material formulada por Orlandi (1998), diz respeito à língua em movimento, na história. Se considerarmos as palavras em sua historicidade, veremos que em seu processo de significação ao longo da história, os sentidos mudam, inclusive, em muitos casos, o significado dicionarizado também se altera.
Se tomarmos como exemplo de deriva a palavra série, vemos que, na relação com a produção audiovisual das décadas de 60 a 90, há uma deriva de sentido, sobretudo pela convergência tevê-internet. Nas décadas passadas, esse tipo de produção audiovisual era mais conhecido, no Brasil, como seriado, e podia ser visto, exclusivamente, pela televisão; hoje, ao dizermos “série”, os sentidos que se produzem estão inscritos numa produção americana em larga escala, e de outros países em menor escala, mas não menos significativa, de séries para televisão, mas que não se limitam a uma circulação televisiva, uma vez que podem ser “baixadas” ou vistas online. Mas há também produções feitas para e por plataformas digitais, como a Netflix, as “séries Netflix”. A estrutura das séries é mais ou menos a mesma, são estruturadas por “temporadas” e compostas por episódios. Essa deriva do sentido de “série” não se dá apenas pela mudança ou ampliação das plataformas nas quais as séries podem ser vistas, mas por todo um discurso das séries inscrito nas condições de produção do digital e das tecnologias digitais pelos serviços de plataformas.
Repetição (série, série de tv) e deslocamento (websérie, series Netflix, séries online) são movimentos de sentido que definem a forma material. Segundo Orlandi,
A observação da mesma materialidade empírica não deixa ver (desconhece) a diversidade da materialidade histórica. Na perspectiva discursiva propomos definir a língua pela sua forma material e não como forma abstrata.2 (1996:3)
Apontar a deriva do sentido de “série”, atentando para sua materialidade histórica digital vai além de mostrar o processo da deriva que se situa na passagem de um modo de produção analógico para um modo de produção digital. O intuito é, contudo, mostrar que esse modo de produção digital tem efeitos mais amplos que interessam ao campo dos Estudos Linguísticos, como a produção de “textualidades seriadas”. Para discorrer sobre isso, passarei para o segundo exemplo paradigmático do modo de produção da informação, arte e conhecimento pelo entretenimento: o dos memes.
3. Os memes: um exemplo de textualidades seriadas
A “cultura das séries”, tal como apontou Silva (2014), se constitui a partir de condições de produção específicas relativas ao surgimento de uma forma narrativa, de um contexto tecnológico digital, e por fim, de uma sociedade de consumo. A noção de forma material, como apontei anteriormente, diz respeito à questão da forma sem destacá-la das condições históricas de sua produção, nesse caso, a das tecnologias digitais e da sociedade de consumo. É sobre esse aspecto que gostaria de me debruçar, no sentido de mostrar como língua e história se constituem materialmente na forma de distintas textualidades. Mas é preciso mostrar também que “a relação da língua com a história não é perfeitamente articulada”, isso porque “o texto vai-se abrir para as diferentes possibilidades de leituras que mostram que o processo de textualização do discurso se faz com “falhas”, com “defeitos”” (Orlandi, 2001:64), a isso chamamos equívoco. Vejamos um exemplo.
No ano de 2015 um grupo de forró brasileiro lançou a música chamada “Sextou”. O neologismo, que significa algo como “diversão, chegou a sexta-feira”, viralizou com uma versão da música feita pelo cantor Wesley Safadão. A partir daí a #sextou passou a ser largamente utilizada pelos brasileiros nas redes sociais, inclusive em muitos memes. Em 2018, porém, ela foi bloqueada na rede social Instagram porque estrangeiros a confundiram com a expressão sex-to-U= sex to you, que em inglês significa “sexo para você”, o que produziu uma grande quantidade de postagens de pornografia no Instagram.
É interessante observar que, nesse caso, as distintas possibilidades de leitura da expressão “sextou”, em línguas diferentes, produzem para a mesma forma material sentidos diversos. Em outros termos, diremos que o processo de textualização do discurso na forma material “sextou” se fez com falha, equívoco, por causa da relação da língua com a história, com a memória histórica. Nesse sentido, “o equívoco é constitutivo da discursividade”, uma vez que a falha da língua se inscreve na história para significar.
Nessa perspectiva, os efeitos linguísticos da cultura das séries se textualizam também, na forma dos memes, com “falhas” e ainda que o funcionamento linguístico-discursivo dos memes seja diferente do funcionamento das hashtags ou das séries produzidas pela Netflix —o que também considero textualidades seriadas, mas que não vou analisar nesse artigo— o equívoco, sob a modalidade da repetição-regularização-deslocamento, é aquilo que se inscreve como efeito linguístico no processo da textualização, seja por meio de uma imagem, vídeo, gif, tag, enfim, diferentes “matérias significantes”.
Mais especificamente sobre os memes, forma material sobre a qual vou me dedicar nas próximas páginas, cabe destacar trabalhos como os de Coelho (2012), Torres (2017a), que abordam, da perspectiva discursiva, o funcionamento dos memes, refletindo sobre a divulgação científica e cultural. O primeiro, trabalha os memes apontando para uma contra-cultura digital através dos memes, já o segundo vai trabalhar sobre os efeitos do “discurso mêmico” na produção de outras textualidades de divulgação científica.
Cabe também citar o trabalho de Muniz (2018) que vai refletir sobre o “fenômeno da autoderrisão” a partir dos memes, compreendendo-os como gêneros discursivos.
Esses são alguns dentre os tantos trabalhos no campo das ciências da linguagem, que têm se debruçado sobre os memes, entendidos aqui com forma material do discurso digital, já que a noção de texto, para Orlandi (2001), é trabalhada como “forma material, parte de um processo pelo qual se tem acesso indireto à discursividade” (Orlandi 2001:13).
O aspecto dos memes que me interessa, diferentemente dos trabalhos citados, mas tendo-os como ponto de partida importante, diz respeito ao trabalho de leitura em seu processo de textualização pelo digital, a saber, a digitalidade. Entendo que se a textualidade é a tessitura do texto, assim como a historicidade é a tessitura da história, a digitalidade é a tessitura do digital. O como ele se tece para produzir efeitos de sentido.
Orlandi (2001) ensina que o efeito-leitor é correspondente da função-autor no que se refere ao sujeito: “a função-autor tem seu duplo no efeito-leitor. E isso é constituído na materialidade do texto” (Orlandi 2001:61). Para a autora, o trabalho com leitura é basilar para a compreensão dos movimentos de interpretação. Ligado a isso, gostaria de apontar para a possibilidade de desdobramentos no campo da leitura e da interpretação, com o digital. Estou me referindo ao modo de leitura dos objetos discursivos na relação com os quais os conceitos, o de leitura mesmo, significam e se re-significam.
Há alguns processos que fazem parte da materialidade do texto no digital, como o da quantidade (viralização, compartilhamento) e o da plataforma (Youtube, Netflix, Facebook, etc) (Dias 2018). Reitero aqui que para Orlandi (2006a), “o modo de interpretar está marcado na formulação e é isso que produzirá o efeito leitor” (Orlandi 2006a:37), o efeito leitor é o efeito produzido por um gesto de interpretação, cuja representação simbólica é uma certa forma material, no estudo aqui proposto, a da digitalidade. Sendo assim, gostaria de acrescentar ainda um outro processo que faz parte da materialidade do texto no digital, que é a série. É nesse processo que se marca, na digitalidade do meme, um deslocamento do funcionamento da autoria, tal como apontou Orlandi (2009). Isso porque, no meme, a função-autor se marca pelo funcionamento da série. A autoria está no fato de que o dizer se formula numa série e, portanto, o efeito leitor tem seu duplo nesse modo de funcionamento da autoria.
Vejamos:
Surgiu em 2018, no período das eleições presidenciais no Brasil.
Figura 1. Captura de tela do exemplo notável do meme Barbie e Ken Cidadãos do bem.
Fonte: #MUSEUdeMEMES
Figura 2. Captura de tela dos exemplos notáveis do meme atrasados do ENEN
Fonte: #MUSEUdeMEMES
Surgiu em 2013, 2014 como forma de se divertir com as reações daqueles que chegam atrasados para a realização da prova do Exame Nacional do Ensino Médio, uma das formas de ingresso na universidade no Brasil.
Inspirado no personagem homônimo, vivido pelo ator Mateus Solano na telenovela “Amor à Vida” (2013), da Rede Globo de televisão.
Figura 3. Captura de tela dos exemplos notáveis do meme Felix Bicha Má
Fonte: #MUSEUdeMEMES
Surgiu em 2012 quando a artista Cecília Gimenez desfigurou o afresco do século XIX “Ecce Homo”, ao decidir restaurá-lo por conta própria.
Figura 4. Captura de tela dos exemplos notáveis do meme Ecce Homo.
Fonte: #MUSEUdeMEMES
Esses são os “exemplos notáveis” dos memes Barbie e Ken, Atrasados do ENEN, Felix Bicha Má e Ecce Homo/Jesus Restaurado.
O que me interessa observar em cada uma dessas séries de exemplos notáveis é que há um elemento que se repete formando série. Mas há os que variam e é esse elemento que produz a textualização do discurso, cuja representação simbólica é a da digitalidade. Nessa forma de textualização do discurso, a série corresponde à função de autor, já que é ela o elemento que permite que se atribua um sentido às novas formulações. Recorrendo ao pensamento de Foucault (2000) sobre o nome de autor, a série, nesse caso, seria aquilo que “assegura uma função classificatória; um tal nome [que] permite reagrupar um certo número de textos, delimitá-los, seleccioná-los, opô-los a outros textos.” (Foucault 2000: 44-45) Embora muitos memes tenham um nome de autor, empresas, redes sociais, blogs, coletivos, redes multiplataformas, etc., não é esse nome de autor que assegura o princípio de agrupamento, mas, sim, o efeito de série.
4. O funcionamento da memória e a série
Os memes são um objeto de análise promissor para a compreensão dessa outra forma de leitura, que é a leitura em série, que se naturaliza no nosso cotidiano pelas tecnologias digitais, leitura em smarthphones por meio de aplicativos (Whatsapp, Facebook, Instagram Twitter), e que está ligada à “cultura das séries”.
Orlandi (2006a), ao tratar do que ela chamou memória metálica, trabalha a ideia de uma expansão horizontal do enunciado, que produz efeito como se fosse uma memória vertical, ou seja, o enunciado inscrito historicamente, trabalhado em Análise de Discurso (Courtine 1981), como interdiscurso. Com isso, a autora vai distinguir a memória do dizer re-atualizado repetidamente. Para Orlandi (2006a), são estatutos distintos do funcionamento discursivo dos enunciados. Nas palavras da autora: “Há o que chamo memória metálica, a da informatização, a digital, a da informação de massa: a que serializa, repete na horizontalidade, sem se historicizar. Memória descartável.” (Orlandi 2014:6).
Ainda falando da série, Orlandi (2009) afirma que as memórias que em-formam um texto produzido a mão e um texto produzido no computador são distintas em suas materialidades, portanto têm formas materiais diferentes. Nesse sentido, trabalhei (Dias 2009) na análise sobre a distinção entre falar, escrever, digitar, teclar, mostrando como cada um desses gestos está significado por uma tecnologia de linguagem e por distintas interpretações, portanto, distintas relações com a memória. Hoje, o postar tornou-se parte da escritura cotidiana, na condição de produção das redes sociais. No Twitter, o sujeito tuíta, no Facebook, no blog, ele posta. Há aí elementos interessantes para pensarmos a ressignificação da escrita enquanto gesto, a de texto enquanto unidade em que se estrutura o gesto em sua materialidade e a de informação como efeito de uma tecnologia de linguagem.
O que é a postagem?
Já compreendemos que teclar é uma forma material que resulta de uma relação de significação entre a oralidade e a escrita. Já o postar resulta de uma relação de significação entre a escrita e o meio, uma vez que postar inclui o percurso, o compartilhamento, a visualização, a “curtida”. Essa relação de significação entre a escrita e o meio que caracteriza o modo de textualização do postar se inscreve no processo da circulação, um dos três momentos do processo de construção dos discursos, a saber, o da circulação, o da constituição e o da formulação, conforme postulou Orlandi (2001). Uma postagem tem que circular. A circulação é parte da constituição do sentido do postar. É pela circulação que se dá sua eficácia tecnológica, sendo a viralização o grau máximo dessa eficácia. O viral é a atestação da circulação, mas não é garantia de historicização do sentido, não é garantia da verticalização da memória. Pela característica do viral que é a replicação, o excesso do dito, é justamente esse retorno do mesmo que o impede de significar na história, fazendo-o expandir-se horizontalmente.
Nesse sentido, a série contribui para a multiplicação do sentido variado, horizontal, homogeneizando seus efeitos. Conforme mostra Orlandi (2009), ao abordar essa questão pela noção de memória metálica, essa linearização do interdiscurso que funciona sem distinguir posições, não considerando a forma material dos dizeres, das palavras, dos sentidos, “produz o efeito de onipotência do autor e a sensação do deslimite dos seus meios” (Orlandi 2009:66).
Desse modo, as textualidades seriadas tal como venho buscando definir, se produzem nesse processo de serialização que, por um lado, se caracteriza pela repetição explícita de um elemento da série (aquele que garante a legibilidade pela identidade do texto como pertencendo a uma série) e, por outro lado, se caracteriza pela variação do dizer, sua regularização no interior de uma série. Essa variação é uma “variação regulada na ordem do mesmo e da repetição, isto é, na ordem do pré-construído como repetição do mesmo, reiteração do idêntico, em um espaço onde repetição e retomada se confundem.” (Courtine 2016:36)
O que quero dizer é que aquilo que garante a textualidade dos memes é o jogo entre a repetição (por compartilhamento, curtidas etc.) e a variedade do sentido dos elementos repetíveis, ou seja, o mesmo elemento vai produzir sentidos diferentes na relação com distintas formulações, o que permite a regularização do dizer no interior de uma variação regulada, até a saturação.
Vejamos como se dá esse processo.
Figuras 5 e 6. Captura de tela do meme Ecce Homo
Fonte: #MUSEUdeMEMES
No meme Ecce Homo/Jesus Restaurado, o elemento que se repete é a imagem da restauração deformada, é esse elemento que possibilita a regularização da série, sua sustentação, na medida em que o meme se expande horizontalmente. O que varia é a situação na qual essa imagem é significada. No primeiro exemplo, a situação de enunciação do meme é a obra expressionista “O grito”, de Edvard Munch (1893) e no segundo exemplo, a situação de enunciação é o Monte Rushmore, nos Estados Unidos, onde estão esculpidos os rostos de quatro presidentes daquele país.
Para Courtine (1981),
À existência vertical, interdiscursiva de um sistema de formação de enunciados assegurando ao discurso a permanência estrutural de uma repetição, responde a existência horizontal, intradiscursiva da formulação, onde a enunciação pode produzir uma variação conjuntural. (Courtine, 1981: 44)4
Cada meme tem um elemento diferente que se estrutura no jogo da repetição e da variação conjuntural e que sustenta a possibilidade de formulação. Conforme Orlandi (2001), “nesse modo de pensar a relação do discurso com o texto, parte-se da variança para a unidade e não desta para aquela. A variança é que institui a textualidade, as margens.” (Orlandi 2001: 13)
No meme “Diferentona”, o elemento que se mantem é a própria estrutura. Vejamos:
Figuras 7 e 8. Captura de tela do meme Diferentona
Fonte: #MUSEUdeMEMES
Nesse caso, o que é recorrente no interior da série é a estrutura da sintaxe que abre margem à leitura do texto em sua variedade, suas “diferentes possibilidades de formulação” (Orlandi 2001:65), de clivagens e de leitura parafrástica.
Trata-se de uma formulação estruturada por uma frase interrogativa, cuja resposta afirmativa (“só você”) se desenvolve pela enumeração de expressões que ao formarem uma família parafrástica caracterizam aqueles “que não x”, inscrevendo-os em uma formação discursiva específica.
A adjetivação funciona como o efeito de sustentação da resposta, articulando as expressões sob o pré-construído “todo aquele que não x, é y”.
Um meme é sempre um desdobramento de sua própria textualidade, um possível de sua margem, uma “materialidade repetível”. A deriva - seja da imagem, da situação, da estrutura, da formulação - é a condição da matéria textual do meme no interior de uma série que se sustenta pela repetição como espaço de estabilidade. Com isso, a repetição é aquilo que sustenta o funcionamento de um meme no interior de uma série significante, enquanto a deriva, é aquilo que garante a diferença no interior da repetição. E essa diferença é produzida pela relação com o interdiscurso. No meme “Diferentona”, é o interdiscurso de uma formação discursiva, enquanto pré-construído que produz o sentido, sustentado pelo funcionamento da ironia - da textualidade seriada: “quem não vê novela é x”, “quem não se apaixona é y”. Além disso, é preciso destacar na textualidade do meme, duas expressões que garantem a serialização, “só você” e “diferentona”. Essas duas expressões ironizam a ilusão da singularidade do sujeito produzida no processo de interpelação-identificação (Pêcheux 1995).
Já no meme “Ecce homo”, é o interdiscurso enquanto discurso transverso que produz a relação do sujeito com o sentido, uma vez que pela substituição há a união de elementos de sequências discursivas diferentes: a) a imagem desfigurada do afresco “Ecce homo”, que poderíamos chamar sequência 1 e b) a obra expressionista “O Grito” ou o “Monte Rushmore”, que podemos chamar sequência 2 e 3 (cf. figura 5 e 6). Essa articulação tem a forma da implicação, aquela em que, conforme Pêcheux (1995:164), a relação de substituição A-B não é a mesma que a de B-A.
A importância do estudo do modo de funcionamento da forma material dos memes nos dá pistas para compreendermos o discurso digital em um modo de textualização específico que, cada vez mais, coloca os sujeitos na relação com os sentidos no mundo contemporâneo.
5. Escrita corpográfica
Para compreendermos o funcionamento das textualidades seriadas, é preciso considerar a natureza do modo de comunicação em tela em sua materialidade discursiva digital. A saber, determinada pelos processos sociais e históricos de um mundo conectado, pautado pela velocidade do trafego de dados, pela instantaneidade das transações econômicas, pela liquidez (Bauman 2001) dos relacionamentos, das informações, das palavras, das imagens, é preciso compreender, como destaca Silva (2014), as dinâmicas espectatoriais da cultura das séries. Considerando essas condições de produção dos discursos, podemos afirmar que a língua, a escrita e a leitura são também parte dessas transformações.
Orlandi (2001) afirma que a escrita é uma forma de relação social e, sustentada nessa formulação, entendo que a linguagem e os relacionamentos em tela textualizam em sua forma essas relações sociais, caracterizadas pela liquidez e pela velocidade.
Da perspectiva da Análise do discurso digital, essas características da textualização do discurso digital em conversas instantâneas, são trabalhadas pela noção de corpografia (Dias 2008), para pensar a língua e a escrita em sua materialidade digital.
Essa noção foi pensada com o intuito de dar conta de uma torção da língua e da escrita pelo digital ou pelas formas de interação entre os sujeitos por meio das redes sociais, conversas instantâneas, etc. Uma espécie de clavardage como bem nomeou Robin (2016), para se referir às “conversas tecladas”. Advinda da junção das palavras francesas clavier (teclado) + bavardage (bate-papo), clavardage contempla esse fenômeno linguístico e discursivo que resulta dessa contorção da língua pela emergência de uma escrita “pressionada pela oralidade” (Robin 2016). Uma escrita pressionada pela velocidade, eu diria, pensando nas condições de produção. Daí resultando o que muitos entendem como “erros” ortográficos, mas que, para além dessa compreensão simplista, é uma outra forma da escritura que vai modificando a língua em sua estrutura sintática, semântica e lexical, dando lugar a uma linguagem visual, a textualidades seriadas, a formas de comunicação instantâneas e voláteis.
Costa (2016), em seu artigo “A palavra do ano é uma imagem”, problematiza a escolha pelo conceituado dicionário de língua inglesa Oxford de um emoji com sendo a palavra do ano de 2015. Para a autora:
não se trata de uma imagem qualquer, mas de uma imagem que está ligada diretamente ao discurso digital pela sua formulação, circulação e constituição (Orlandi, 2001). Termos que, de modo específico, vinculam-se ao digital já foram eleitos pelo Oxford em anos anteriores como palavras do ano. Em 2013, foi a palavra selfie. Em 2012, GIF, sigla que ganhou o estatuto de palavra, foi incluída no referido dicionário como verbo. Podemos, assim, dizer que o digital se apresenta na base da produção discursiva das palavras que se destacaram ao longo dos últimos anos. (Costa 2016: 90)
O digital tem, pois, produzido outras formas de relação do sujeito com a linguagem, isso porque, mais do que uma tecnologia, ele é um processo discursivo que tem efeitos nas práticas linguístico-discursivas, nos processos de significação. Nessa perspectiva, a noção de corpografia vai trabalhar a relação língua/escrita, considerando sua dimensão afetiva numa escrita corpográfica, como podemos verificar no exemplo a seguir.
Figuras 9 e 10. Captura de tela de conversas de whatsapp
Dizer que o corpo se escreve é considerar a palavra um significante afetivo. A corpografia é um traço do afeto, cuja matéria prima é letra, linha, cor, cálculo, código, símbolo gráfico, luz, som, tecnologia.
Foi a partir daí que se produziu uma compreensão da escrita no digital e da formação e institucionalização da palavra nessa materialidade discursiva, levando em conta as tecnologias digitais e a maneira como produzem uma injunção ao corpo na forma da letra, grafo, grafia, produzindo, com isso, a corpografia. A corpografia, é, portanto, essa textualização do corpo na letra, na tela, pelo afeto, produzindo uma escrita (e um corpo) afetada pelo digital. “Corpo que se textualiza”, nos ensina Orlandi (2001:213). E essa textualização tem suas características, dentre as quais, destaco a do corpo e a do afeto (o outro). Acontecimento do corpo na língua e na escrita. A escrita como significante do afeto. Escrever no online é um gesto que escreve o corpo.
Se tomarmos como exemplo os memes, vemos que a inscrição do corpo na forma material do dizer se dá por meio de projeções de ícones, imagens, gifs, letras, estruturas, hashtags, que constituem a unidade de sentido em série, num “compósito heterogêneo”, como define Paveau (2015), produzindo uma digitalidade do sentido, pela escrita corpográfica. Uma inscritura do sujeito.
Sendo assim, a análise dos memes pode alargar a compreensão das textualidades seriadas. A problemática produzida por Pêcheux (1999), a partir de Pierre Achard, sobre a memória nos dá ancoragem teórica para tanto.
6. Palavras-meme: uma dialética da repetição e da regularização
As palavras-meme são palavras ou expressões utilizadas em conversas de Whatsapp, Facebook, Instagram, Twitter, mas também em conversas offline, que se referem a um meme, como, por exemplo, a palavra “Diferentona”. A utilização dessa palavra numa conversa só significa pela “formação de um efeito de série pelo qual a “regularização” se inicia e seria nessa própria regularização que residiriam os implícitos, sob a forma de remissões, de retomadas e de efeitos de paráfrase.” (Pêcheux 1999:52). O “efeito de série” formado pela repetição, nesse caso, seria o meme “Diferentona”, que analisei anteriormente. A palavra-meme faria parte, no caso dos memes em geral, da regularização discursiva.
Essas palavras contorcem, muitas vezes, a estrutura normativa da língua para significar, como, por exemplo “seje menas”5, “daora”6. As “palavras memes” fazem parte das relações sociais de comunicação, e o discurso digital é constitutivo dessa relação enquanto materialidade, pelo funcionamento da memória, aquela que “vem restabelecer os implícitos de que sua leitura necessita” (Pêcheux 1999:52). A questão, para Pêcheux (1999) é, no entanto, saber “onde residem esses famosos implícitos que estão ‘ausentes por sua presença’ na leitura da sequência” (Pêcheux 1999:52). É desse questionamento que o autor problematiza a questão da “memória como estruturação de materialidade discursiva complexa, estendida em uma dialética da repetição e da regularização” (Pêcheux 1999:52), sendo que a regularização discursiva, que se constitui por paráfrase, remissão, pré-construído, tende a formar a lei da série do legível, tal como mostramos na seção 2, pelo efeito daquilo que já foi dito que sustenta um dizer atualizado.
Permanece em aberto, na reflexão sobre os memes, o papel da memória como estruturação da materialidade discursiva, mas a reflexão avança com a compreensão da dialética da repetição-regularização. Mas ainda é preciso investir na compreensão da natureza da memória produzida nesse jogo. O que pudemos compreender até aqui é que a serialização é uma característica importante das textualidades constituídas pelo digital. É um processo que, como ensinou Pêcheux (1999), “visa manter uma regularização pré-existente com os implícitos que ela veicula” (Pêcheux 1999:53). Esse jogo de força da memória, diz o autor, pela estabilização parafrástica, que é o que temos com os memes, negocia “a integração do acontecimento, até absorvê-lo e eventualmente dissolvê-lo.”
As palavras meme são palavras-tendência, normalmente ligadas a algum acontecimento ou a artistas, que têm grande repercussão na Internet, mas essas palavras, tal como as webséries, tem suas “temporadas”. Há as palavras que “entram para o hall da fama” e outras que seguem no cotidiano, validadas pelos sujeitos conectados, ou seja, são palavras datadas, que caem em desuso, como se se pudesse controlar o léxico de uma língua para impedir certos sentidos, por decreto.
7. Circulação por datação
Para compreender o funcionamento e o modo de circulação, de vida das palavras, das textualidades, das digitalidades, numa sociedade digital, para, assim, compreender os sujeitos e os sentidos em relação, é preciso considerar a natureza dos textos e das formas de comunicação em sua materialidade discursiva digital. E, para tanto, a memória é crucial, pois no digital, a memória está ligada à instância da circulação.
A noção de “aplicatização da memória” (Torres 2017b), nessa perspectiva, é elucidativa. Para Torres (2017b), a aplicatização diz respeito ao instantâneo, ao descartável, à obsolescência, à velocidade dos dispositivos, pelos quais as palavras e as relações comunicativas se constituem. Nesse sentido, o uso, a validade das palavras, expressões, proposições, imagens, as formulações mais buscadas, etc. depende do “sucesso” coroado pela sua presença nas redes.
Mas o “sucesso” da circulação de um meme e sua regularização em páginas, palavras-meme ou mesmo outros memes, pode tanto marcar sua permanência quanto sua extinção. Segundo o #MUSEUdeMEMES, esse seria o caso do meme “Diferentona”:
Pelo fato de ter sido um meme que teve bastante repercussão em pouco tempo, redes sociais de empresas começaram a utilizá-lo. Em vez de ser a confirmação do sucesso do meme, essa apropriação acabou se tornando o que “mataria” o meme, de acordo com um post do Buzzfeed.7
Mas apesar da marcação de validade das palavras, expressões, memes, etc., o que é possível pela horizontalidade da memória que as constitui, esses elementos discursivos são pressionados por uma história e uma memória digital, que diz respeito ao processo de constituição do digital, à relação com a exterioridade que constitui um texto e que, embora ligados aos devices, social, digital, conectado, em rede, acúmulo, editável, compartilhável, apontados por Torres (2017b) como características da aplicatização da memória, pode sempre vir a escapar da totalização dos dispositivos. Conforme Pêcheux (1999), “a recorrência do item ou do enunciado pode também caracterizar uma divisão da identidade material do item: sob o “mesmo” da materialidade da palavra abre-se então o jogo da metáfora, como uma outra possibilidade de articulação discursiva...” (Pêcheux 1999:53). É nesse espaço da divisão que a memória digital, pensada como um resíduo da própria repetição, reformulação, numerização, se inscreve como possibilidade de desregulação da reformulação do sentido superficial.
8. Conclusão
O digital e seus dispositivos de linguagem são determinantes na constituição do sujeito e da sociedade, no que se refere aos processos de leitura e interpretação. Mas não são os dispositivos em si, nem os memes ou os aplicativos de mensagens propriamente, ou ainda as redes sociais em si mesmas, o pivô dessa determinação histórica dos processos de leitura e interpretação, mas a produção de formas materiais cujo funcionamento e cujos efeitos estamos trabalhando para compreender.
É nesse sentido meu esforço em produzir uma compreensão mais ampla sobre as textualidades seriadas, que funcionam pela repetição, inculcação, no jogo da diluição e da espessura dos sentidos.
A serialização como processo discursivo trabalha pela repetição - regularização. Nesse processo temos o funcionamento do interdiscurso ou memória discursiva, como vimos, mas sobretudo o funcionamento da memória metálica, atualização constante do mesmo variado. Mas há, ainda, o funcionamento da memória digital, que tenho compreendido como aquilo que escapa à estrutura totalizante da máquina que atualiza o mesmo em sua variedade e se inscreve no funcionamento do discurso digital. Estaria aí a possibilidade de deslocamento do sentido. É dessa forma que a compreensão das textualidades seriadas, saber como elas funcionam, como elas textualizam o discurso é um primeiro passo para jogar “o jogo de força da memória, sob o choque do acontecimento”, como mostrou Pêcheux (1999:53), nesse caso, o acontecimento do digital.
Notas
Referencias
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